Bucha Vegetal e Cera de Abelha
2º Salão MAM-BA 1995
Museu de Arte Moderna - Salvador - BA
“Basta uma imagem para fazer tremer um universo”
G. Bachelard – A terra e os devaneios da vontade
Pensando sobre um corpo, planície que se desenha em relevos e entranhas, o orgânico se pensa e insiste, existindo em nem se sabe quantos modos: um, a buxa, outro, o que se abre / obra.
Concreta, ou discreta, a organicidade se desmembra, criando seqüências de alvéolos, encadeando fibras, incorporando outras formas, percorrendo a kundalini do geral e do particular.
Partícula, caixa, caixão, até que moldura, envolvendo cera, ou de terra, encerrada em área (inscrita), em museu ou local que se encerra.
A verticalidade sendo uma espécie de revolta contra o descanso, afirma a intra-visão do encorpado e, ao passo que constrói, disseca essa forma e a torna norma de outro tema, sombra de outro mundo. Seria essa a causa de Loyola? Seria esse flagelo de um corpo, o que transvira em diferencial Loyola e obra?
Seria arte uma outra coisa? Que coisa, hein? Seria, talvez, não um comércio com as coisas, mas um tratamento espiritual do corpo nas coisas, das coisas que também corpo são? Seria a coisa em si, coisificada pelo artista, enfim, o espiritual na arte?
Poderia ser a buxa buxaria ou mero debuxo de outra coisa que não-buxa? Mera ocupação, efêmera, do espaço ou empuxo?
Pois é nesse prumo da introversão, nessa intra-psicologia do aprumo, que os trabalhos que descrevo semelhantemente se descrevem: essa aproximação do que é vegetal no animal, onde as noções se complicam, as formas sempre virgens explicitam – diretas – como o mundo se mistura, tal como o artista obra.
Belo Horizonte, agosto de 1995
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