quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

> Olha aonde anda, Menino!















Toda e qualquer obra de arte sempre esconde à primeira vista o que predente ser e, de alguma forma, parece inalcançável. Mas a mesma obra também expõe repentinamente o seu nó-de-significações, abrindo-se no espaço onde irá flutuar e passar a pertencer ao mundo.Se não se pode afirmar tratar-se de esculturas esses feixe-de-nervos sem volume, massa e peso que descrevem os “objetos” de Loyola, sabemos, por outro lado, que o nosso artista também “esculpe”...
Embora sem inclusão ou exclusão de limites, suas linhas bailarinas recolhidas no vagar de seu caminho, nas trilhas por onde anda, são linhas que re-têm, contêm, e concernem muito além da mera facticidade dos nós-de-arame. Porque surgem dos vazios que abraçam os objetos e definem sua forma plástica no espaço. Forma dinâmica que em seu jogo de curvas e quebras sugere uma determinação de efeitos na busca de movimento e ilusão.
“Eu queria desenhar assim”, confessa o artista. Ora, sabemos
que ele está desenhando o tempo todo... E o vazio do espaço, freqüentemente definido como “falta”, des-cobre, des-vela e re-colhe nesse desenho coisas escondidas nas trilhas da natureza.
Pois physi kruptesthai philei (a natureza ama esconder-se), escreveu Heráclito há muito tempo! E desse escondimento surge o brilho da verdade, que é não-velamento, não-encobrimento, não-escondimento – retirada do véu que encobre as coisas do caminho-mundo de Loyola.
Se não há, pois, um olhar capaz de esgotar esses “objetos”, cuja simplicidade
quase escandalosa é algo que nos perturba fortemente, esse lugar do ainda-não, do secreto e do sensual é no mesmo gesto liberado amorosamente de seu esconderijo... A poética de Loyola pode ser definida como uma imensa força dada à vontade que as coisas possuem de ser reais e aparecer no mundo de outra forma, pela vez primeira.

Maria José Campos da Mata
Belo Horizonte, julho de 1999.

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